Em poucas palavras, este é o grande desafio do nosso tempo. Criar oportunidades sustentáveis, ou seja, entornos sociais e culturais nos quais possamos satisfazer nossas necessidades e aspirações sem comprometer o futuro das gerações seguintes. Neste sentido Kropotkin, – etnólogo e um dos principais idealistas libertários -, no início do século XX, já mencionava este conceito, que o definia como “apoio mútuo”. Demonstrou como as espécies não se mantinham por concorrência, como a simples vista pode parecer, mas que o princípio da vida as regulava, ou seja, através da colaboração e da cooperação das espécies. Isto está sendo retomado no paradigma científico atual. Assim lemos também em uma obra do biólogo chileno H. Maturana: “Na natureza não há concorrência, por muito que seja afirmado por aqueles que mal entenderam a Darwin. A concorrência não é um fenômeno biológico primário. É um fenômeno cultural”. Nesta mesma linha encontra-se Reich, pois uma das teses de seu “Funcionalismo orgonômico” manifesta que: “É a mesma função que dirige a cooperação”.

Poderíamos trazer a ideia de colaboração e cooperação ao terreno das sociedades humanas para recuperar dinâmicas sociais que foram perdidas e sufocadas pela competitividade e pela ferocidade da violência vinculada aos interesses econômicos que está nos levando à autodestruição como espécie e, como consequência, ao do nosso planeta.

Sempre houve movimentos que potenciaram este princípio, e para o movimento libertário e o da ecologia global é uma máxima fundamental. Mas este princípio de cooperação há que fundamentar-se em uma identidade de coletivo, há que apoiar-se nos pilares da solidariedade emocional, não só “ideológica”. O desenvolvimento da sociedade deve e tem que ser adaptado aos princípios da autorregulação do Vivo e não como agora, em que o Vivo se ajusta às demandas específicas de pequenas parcelas da raça humana como são os grupos religiosos, as culturas nacionalistas, os governos estatais, etc. O princípio do Vivo inclui toda a humanidade. Um credo religioso determinado, um estado nacional ou uma cultura nacional específica tem muito menos envergadura e importância que o Vivo. Tudo o que em instituições está contra o Vivo não sobreviverá. Porque o Vivo é o princípio funcional comum da humanidade

Conhecemos coisas que permitiriam modificar os sistemas humanos. Desde a concepção, a vida intra-uterina, os partos, a amamentação, a autorregulação. Desde a realidade de uns sistemas nos quais se criam relações nas quais se reconhece a validade do discurso da criança, possibilita que conheçam o nosso. Estando presentes e em constante inter relação e comunicação emocional e verbal.

São estas mudanças cotidianas que podem facilitar mudanças em nossos sistemas sociais. Porque a partir do momento em que se generalizam e se convertem em costumes também mudam-se as leis e assim, a cultura. Ou seja, primeiro culturizamos uma ação e depois, aparecem as leis, por isso a responsabilidade seria nossa em grande medida

Coloquemos meios para que possamos realmente sentir as coisas, conhecer, intuir e nos ajudar a recuperar nosso equilíbrio como espécie pois

“não existe nem o bom nem o mau senão as consequências das ações.”